domingo, 29 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
segunda-feira, 23 de maio de 2011
A Queimada ( LEDO IVO)
"Queime tudo o que puder : as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos : more num covil e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos, as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita"..
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados nenhuma herança de papel.
Seja como os lobos : more num covil e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.
Destrua os poemas inacabados, os rascunhos, as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita"..
quarta-feira, 18 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Manuel António Pina/ Prêmio Camões 2011
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Manoel de Barros
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
Prezo a velocidade
das tartarugas
mais que a dos mísseis.
Tenho em mim
esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância
de ser feliz por isso.
Meu quintal
É maior do que o mundo.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Ruy Castro:
TODO DIA ERA DOMINGO
No auge dos anos 1960, o braço armado de Ipanema empunhava um violão. E seu canto de guerra- na verdade, de paz- era a Bossa Nova. Era dele que saíam as insuperáveis melodias, as complexas harmonias e a batida diferente e irresistível que, somadas às palavras de seus poetas, faziam de qualquer dia em Ipanema um domingo.
Nenhum outro bairro teve uma trilha sonora tão a caráter. E não apenas porque o violão combinasse à risca com o sol e a areia, ou porque a maioria dos praticantes da Bossa Nova morasse nos seus limites, mas porque foi o próprio espírito do bairro- jovem, moderno, culto, libertário, absolutamente criativo- que definiu aquela música. Hoje se sabe que uma “bossa nova” aconteceria de qualquer maneira na música brasileira. Mas, sem Ipanema, ela talvez demorasse a chegar e não seria do mesmo jeito.
O espírito que fez de Ipanema berço da Bossa Nova continua vivo. Ressurge a cada vez que um rapaz ou moça pega um violão, fere as cordas e gera um acorde que ficará mais uma vez por toda a vida.
No auge dos anos 1960, o braço armado de Ipanema empunhava um violão. E seu canto de guerra- na verdade, de paz- era a Bossa Nova. Era dele que saíam as insuperáveis melodias, as complexas harmonias e a batida diferente e irresistível que, somadas às palavras de seus poetas, faziam de qualquer dia em Ipanema um domingo.
Nenhum outro bairro teve uma trilha sonora tão a caráter. E não apenas porque o violão combinasse à risca com o sol e a areia, ou porque a maioria dos praticantes da Bossa Nova morasse nos seus limites, mas porque foi o próprio espírito do bairro- jovem, moderno, culto, libertário, absolutamente criativo- que definiu aquela música. Hoje se sabe que uma “bossa nova” aconteceria de qualquer maneira na música brasileira. Mas, sem Ipanema, ela talvez demorasse a chegar e não seria do mesmo jeito.
O espírito que fez de Ipanema berço da Bossa Nova continua vivo. Ressurge a cada vez que um rapaz ou moça pega um violão, fere as cordas e gera um acorde que ficará mais uma vez por toda a vida.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Fernando Pessoa
"Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
quarta-feira, 4 de maio de 2011
BLOG BACANA: "Bons livros para ler": Paulo Leminski: o bandido que sabia latim | de Toninho Vaz...
Bons livros para ler: Paulo Leminski: o bandido que sabia latim de Ton...: "Editora Record Antes de mais nada, tenho de apresentar o autor deste livro, mesmo correndo o risco de ser conhecido por muitos. Com vo..."
segunda-feira, 2 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
Pablo Picasso
"O que pensa que é um artista? Um idiota, que só tem olhos quando pintor, só ouvidos quando músico, ou apenas uma lira para todos os estados de alma, quando poeta, ou só músculos quando lavrador? Pelo contrário! Ele é simultaneamente um ente político que ...vive constantemente com a consciência dos acontecimentos mundiais destruidores, ardentes ou alegres e que se forma completamente segundo a imagem destes. Como seria possível não ter interesse pelos outros homens e afastar-se numa indiferença de marfim de uma vida que se nos apresenta tão rica? Não, a pintura não foi inventada para decorar casas. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo."
Assinar:
Postagens (Atom)