terça-feira, 24 de abril de 2012
segunda-feira, 23 de abril de 2012
ONDA
ONDA
Conheci o trabalho de Leila Pugnaloni em 1988, em um galpão anexo ao Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Mac-PR), onde participei da sua oficina de “Desenho da figura humana”. Na primeira aula Leila distribuía pequenos bastões de bambus aos alunos, para que pudessem criar seus desenhos, com nanquim e a ponta daquele instrumento artesanal, enquanto o modelo tentava se manter imóvel no frio do inverno curitibano. Desde então, acompanho o trabalho da artista, em especial os seus desenhos. Com uma linha apenas, ela é capaz de resolver com singela leveza todo o mistério do corpo humano.
No ano seguinte, após sua primeira individual no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim, foi levada para Curitiba a exposição “Alphavellas”, em que já era possível observar o intuito da artista em fazer a sua obra emergir do segundo plano da tela. Os trabalhos se pareciam com paisagens urbanas futuristas, que destacavam formas geométricas e luminosas de possíveis janelas. Era naquela série (batizada por Paulo Leminski) que Leila apontava para a sua escolha por cores e luzes. Mais tarde, aquelas estruturas foram alteradas, com o acréscimo de pequenas ripas que pareciam flutuar sobre um fundo monocromático.
Em 1992, Leila Pugnaloni criou a série “Módulos de Luz”, em que intensifica a sua busca em propagar a cor para fora do plano. Utilizando tintas foscas e fosforescentes, criou combinações com referências em anúncios de TV, sinais luminosos e cabeamentos subterrâneos. A obra de Helio Oiticica foi também uma grande influência em seu trabalho, sobretudo no tema da cor. As superfícies urbanas, a arquitetura e a forma como as pessoas viviam passou a tocar mais forte o seu pensamento.
Tendo passado parte de sua infância em Brasília e outra parte, no Rio de Janeiro, teve a oportunidade de experimentar tanto uma cidade recém-fundada, desenhada para se viver em um plano piloto, como os encantos do mar e da estonteante topografia carioca, onde nasceu. Curitiba, cidade em que reside, ofereceu-lhe algumas possibilidades de trabalho muito peculiares. Como por exemplo, utilizar suas obras como suporte para uma intervenção artística, transformando-as em canteiros de plantas no trajeto de sua casa ao ateliê, ao longo da ciclovia.
A exposição “Onda”, que a galeria Colecionador Contemporâneo abriga é concebida em duas partes distintas: desenhos de figura humana e pinturas da série “Módulos de luz”. Esta última, com obras inéditas e produzidas especialmente para esta mostra, em que a artista explora novas possibilidades de formatos e combinações. Passados mais de vinte anos do início de sua pesquisa sobre cor e luz, a artista segue transformando-se e ampliando o conceito de sua obra.
Marco Antonio Teobaldo
Assinar:
Postagens (Atom)